Dia do Biólogo

“Sou biólogo e viajo muito pela savana do meu país. Nessas regiões encontro gente que não sabe ler livros. Mas que sabe ler o seu mundo. Nesse universo de outros saberes, sou eu o analfabeto. Não sei ler sinais da terá, das árvores e dos bichos…” (MIA COUTO)
Estas palavras do escritor Mia Couto não minimizam o papel tão importante do biólogo, pelo contrário, revelam a necessidade da relação entre a produção científica e a provisoriedade dos registros e das sínteses organizadas nas pesquisas e explorações. As descobertas científicas não são apenas organizações lógicas com intervenções exatas no universo, mas um exercício de escuta da natureza. A biologia procura caminhos para vivenciar os silêncios contidos nas florestas, nas matas, nos rios, nas montanhas. As mensagens presentes nas vozes e nos murmúrios dos animais e das plantas.
O biólogo é um ouvinte do resmungar das araras, do roçar impetuoso dos galhos, do eco profundo dos pés dos meninos na terra. Neste namoro constante com a natureza, o biólogo não despreza os seres desprezados, nem ignora os seres considerados desimportantes. (parafraseando Manuel de Barros). Toda a natureza espera ansiosamente o olhar brilhante, a busca incessante dos sentidos das ciências e as saídas possíveis para a sua permanência e transformação.
Tornar –se biólogo é aprender a utilizar os conhecimentos presentes nos materiais escritos, mas principalmente, formar-se para utilizar todos os sentidos na compreensão, nem sempre racional, das vozes da natureza.

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