Por uma cultura intraempreendedora nas escolas

Prof. Dra Ana Paula Sefton e Prof. Me. Marcos Evandro Galini, autores do livro Gestão Educacional Transformadora.

O mundo vem passando por um momento desafiador com as restrições sanitárias e sociais ocasionadas pela Covid-19. Na Educação não é diferente, muitas incertezas quanto à eficiência do ensino remoto que está sendo ofertado para os/as alunos/as, à formação de professores/as para esta nova modalidade de ensino, às questões financeiras diante da crise econômica decorrente da pandemia. E, quando tudo isso passar, como será o retorno dos/as alunos/as e docentes ao espaço escolar diante de todo este novo contexto? São muitas perguntas e poucas respostas. No entanto, uma instituição escolar que valoriza o intraempreendedorismo e busca uma mentalidade criativa e inovadora, muito possivelmente possa encontrar novos caminhos para estes desafios. Quando falamos em intraempreendedorismo, é necessário definir o que seria este termo. Para Gifford Pinchot (2000)[1]  o/a intraempreendedor/a é um/a empreendedor/a interno/a a uma organização ou empresa. O/A intraempreendedor/a, a partir de uma oportunidade ou uma necessidade, busca transformá-la em um produto/serviço de sucesso que transforme a realidade da organização na qual trabalha, seja no setor privado ou público. O/A intraempreendedor/a em uma organização de ensino serve de modelo e cria condições para que demais colaboradores/as possam oferecer suas ideias e colocá-las em prática. Nesse sentido, a cultura intraempreendedora dentro da instituição de ensino, valorizando lideres com estas características, tende a trazer melhores resultados, através do protagonismo das mudanças e do alcance de objetivos previamente planejados[2]. As organizações que valorizam estes/as profissionais, os/s quais contribuírem com o crescimento da empresa e/ou para o alcance de melhorias do cenário em que atuam, apoiam pessoas com ideias inovadoras e com iniciativa. Da mesma maneira, é fundamental que promovam o reconhecimento dos seus feitos, de forma a incentivar os/as agentes de tal mudança. Ao observar este perfil de profissionais, identificamos muitas vezes a inquietude de querer fazer diferente em um cenário problemático e de urgência como o que estamos vivendo. E tais colaboradores/as contribuem com suas características intraempreendedoras para apoiar ações de mudança em uma situação estagnada e desafiadora. E quais seriam estas características? O Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE – com base em estudos da psicologia comportamental e organizacional definiu dez características empreendedoras, e que poderíamos considerar na prática intraempreendedora também:

  • iniciativa e busca de oportunidades;
  • perseverança;
  • comprometimento;
  • busca de qualidade e eficiência;
  • coragem para assumir riscos, calculados;
  • fixação de metas objetivas;
  • busca de informações;
  • planejamento e monitoramento sistemáticos;
  • capacidade de persuasão e de estabelecer redes de contatos pessoais;
  • independência, autonomia e auto-controle.

  Estas características podem ser identificadas em intraempreendedores/as e líderes dentro da organização escolar, a partir de práticas já existentes. E também podem ser desenvolvidas. Para tal, é necessário que o/a intraempreendedor/a faça uma avaliação dos seus comportamentos já desenvolvidos e quais precisa desenvolver. Com este mapeamento, é possível estabelecer um plano de formação/atuação que permita desenvolver tais competências. Por exemplo, o/a intraempreendedor/a identifica que precisa melhorar sua “rede de contatos pessoais” e estabelece ações que potencializam sua rede, participando de eventos profissionais, atuando nas redes sociais, pesquisando pessoas que são referências em determinadas áreas, lendo e estudando, dentre outras ações. Importante ressaltar que, para aqueles comportamentos que não forem possíveis desenvolver, é interessante ir em busca de colegas e parcerias que possam suprir esta falta. Ou seja, dificilmente uma pessoa terá todas as características bem desenvolvidas, mesmo mapeando e buscando aprimorar algumas delas. Neste contexto, ter alguém na equipe ou parceira da escola que possa complementar os pontos fracos da equipe original, é essencial. Como vimos, é necessário que a instituição escolar construa e/ou potencialize  uma cultura intraempreendedora, valorize profissionais intraempreendedores/a ou com potencial e, de forma articulada e estratégica, desafie os/as colaboradores/as para pensarem conjuntamente em soluções para os problemas que as instituições vem passando. Muitas destas ideias criativas e inovadoras podem virar ações concretas em busca de novos resultados, e que levarão as instituições escolares  para outro patamar de atuação, e com mais potência para enfrentar os desafios atuais.     Contatos e mais informações Instagram @gestaoeducacional_transforma Facebook @gestaoeducacional_transforma Editora CRV https://editoracrv.com.br/produtos/detalhes/34783-gestao-educacional-transformadorabr-guia-sobre-intraempreendedorismo-estrategia-e-inovacao [1] PINCHOT, G. PELLMAN R. Intraempreendedorismo na Prática: um guia de inovação nos negócios. Tradução Márcia Nascentes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000. [2] SEFTON, A.P.; GALINI, M.E. Gestão Educacional Transformadora: guia sobre intraempreendedorismo, estratégia e inovação. Curitiba: Editora CRV, 2020.